TREINAMENTO
DE FORÇA PARA TRATAMENTO DA OBESIDADE
Obesidade é uma condição na qual a quantidade de gordura ultrapassa os níveis
desejáveis, podendo também ocorrer um excesso de peso, onde o peso corporal
total excede determinados limites, pelo aumento da massa magra. O peso corporal
apresenta um sistema de dois componentes: Massa corporal magra (isenta de
gordura) formada pelos tecidos musculares e esqueléticos, pele, órgãos e
tecidos; Gordura corporal. Assim sendo, o aumento de massa corporal magra pode
representar a elevação no peso corporal total sem que haja aumento nos níveis
de gordura corporal. Por outro lado, o excesso de peso corporal pode ocorrer
pela elevação nos depósitos de gordura, com ou sem o aumento na massa corporal
magra, o que caracteriza um ganho de peso que pode levar à obesidade.
(Santarém, 2007-A).
Obesidade é definida como sendo o acumulo excessivo de gordura
corporal. (Mcardle, 1998).
A
obesidade é normalmente diagnosticada através do Índice de Massa Corporal (I.M.
C) que é calculado dividindo-se o peso, expresso em quilogramas, pela altura em
metros e elevada ao quadrado. (ABESO, 2007).
IMC = peso (kg) / altura2 (M)
Segundo a ABESO, para o Índice de Massa Corporal (I.M. C), algumas
características devem ser levadas em consideração, são elas:
·
IMC entre 20 e 25:
O peso está dentro da faixa considerada normal. Normalmente isto corresponde às
mais baixas taxas de mortalidade em relação ao peso. (ABESO, 2007).
Obesidade
representa um estado físico caracterizado pelo IMC maior do que 30 kg/m²,
baseado no Índice de Massa Corporal (IMC). (Coutinho, 2001)
A Obesidade pode ser dividida em dois tipos: Genética e Ambiental. A Obesidade
Genética é originária de alterações genéticas que contribuem para o desequilíbrio
energético criando assim um maior acumulo de gordura corporal. A Obesidade
Ambiental é dada pelo meio em que vivemos, sendo o sedentarismo e a alimentação
inadequada, os principais fatores para o excesso de calorias no organismo.
(Coutinho, 2001)
Obesidade explica-se como sendo a
quantidade de gordura acima da média contida no corpo, dependendo do conteúdo
lipídico de cada célula gordurosa e do número total de tais células. (Fox,
2000)
Independente da definição sabe-se que a obesidade talvez se constitua na maior
ameaça à qualidade de vida do ser humano atualmente. Isto é verdadeiro na
medida em que se constata que a obesidade está diretamente relacionada como
causa de várias outras doenças, tais como a hipertensão arterial, diabetes
mellitus, câncer, artrites, problemas .
Classificação segundo sua Predominância da Posição Gordurosa. (ABESO, 2007).
§ Obesidade Androide ou Troncular – É associada à maior
deposição de Gordura Visceral;
§ Obesidade Genecóide – A Deposição de Gordura predomina ao
nível do Quadril.
Quando a relação obesidade e saúde são examinadas, temos que considerar não só
o excesso de gordura corporal, mas também a localização deste excesso no
corpo. A forma de distribuição Andróide geralmente é encontrada nos
homens, tendo o acumulo de tecido adiposo na região do abdômen, sua principal
característica está relacionada ao Hormônio Testosterona, já a forma Genóide
geralmente é encontrada nas mulheres, caracterizada pelo acumulo de tecido
adiposo nas regiões do quadril e das coxas, graças ao Hormônio Progesterona.
(Mcardle, 1998)
TREINAMENTO
DE FORÇA PARA OBESOS
O individuo obeso apresenta diversas
estruturais mecânicas do aparelho locomotor em déficit. Além de uma sobrecarga
grande gerada pelo tecido gordo corporal. O processo de adaptação deve ser
lento e com progressão lineares intensidade
O treinamento de força tem sido apontado como
excelente ferramenta para o aprimoramento da qualidade de vida, além de ser importante
no tratamento de diversas patologias (Graves e Franklin, 2006). Entretanto,
poucos estudos avaliam exclusivamente os efeitos dessa modalidade no tratamento
da obesidade.
Os
exercícios com pesos oferecem estratégias para o controle do peso corporal
aumentando o gasto calórico, a massa muscular e a taxa metabólica de repouso
além do maior consumo de oxigênio pós - exercício. Como consequência, ocorre
diminuição no percentual de gordura corporal, favorecendo o emagrecimento
(Hauser e colaboradores, 2004).
Tendo em vista a complexidade que caracteriza
a obesidade, apenas o tipo de exercício ou o modelo de periodização sejam
pouco eficientes caso não haja um controle efetivo de outras variáveis como:
alimentação, fatores psicológicos, biológicos, entre outros. Porém, existem
evidências científicas suficientes para sustentar a inclusão do treinamento
de força em um programa de tratamento de pessoas
obesas .
Um treinamento de força, que inclui o uso regular de pesos livres, máquinas,
peso corporal e outras formas de equipamento favorecem a melhora da força,
potência e resistência muscular, é aceito que o treinamento de força causa
aumento de massa magra, ganho de força e potência muscular, além de ser útil
para incrementar o desempenho físico. (Balsamo, 2005). Os benefícios do
treinamento de força são fortemente influenciados pelo grande número de
variáveis que podem ser manipuladas em um programa. As variações podem ser em
carga (peso), volume, intensidades, massa muscular ativa, tipo de contração
muscular, tipo de trabalho muscular, intervalo de recuperação entre as séries e
sessões, manipulação na ordem dos exercícios, tempo de tensão, equipamento,
técnica, nível inicial de condicionamento, situação do treinamento e tipo de
programa, e podem influenciar a magnitude e duração das respostas aos
exercícios resistidos e, finalmente, as suas adaptações.
Exercícios resistidos são reconhecidos como os mais eficientes para modificar
favoravelmente a composição corporal. Para esse efeito, contribuem o aumento de
massa muscular, o aumento da massa óssea calcificada, e a redução da gordura
corporal. (Santarém, 2007- C).
Um programa de treinamento de força aumenta a massa isenta de gordura e diminui
a massa gorda do praticante, esse aumento de massa isenta de gordura aumenta a
taxa metabólica de repouso do indivíduo, pois o músculo é mais metabolicamente
ativo do que a gordura, aumentando assim o gasto calórico diário. (Santarém,
2007- C).
Com o treinamento de força, há uma redução do tecido adiposo estimulada pelos
exercícios com pesos nos mesmos níveis dos que ocorrem com os exercícios
aeróbios. Em longo prazo, existe uma superioridade dos exercícios com pesos
para o objetivo de redução da gordura corporal, em função do aumento da massa
magra. (Balsamo, 2005)
Um treinamento de resistência realizado com o intuito de reduzir os depósitos
de gorduras deve ter grande volume e baixa intensidade: exercícios de baixa
intensidade (frequência cardíaca de 130 batimentos/min) mobilizam energia a
partir do catabolismo de ácidos graxos; enquanto que exercícios de alta
intensidade mobilizam energia de carboidratos. (Weineck, 1999).
Um aspecto que pode ser mal interpretado quando se comparam os efeitos dos
exercícios com pesos e dos exercícios aeróbios na redução da gordura corporal,
é que o aumento de massa muscular pode compensar em peso a diminuição do tecido
adiposo. Nesse caso, deve-se ter a consciência de que a composição corporal está
mudando favoravelmente no sentido da saúde, da aptidão física e da modelagem do
corpo. (Santarém, 2007- D)
A musculação com fins hipertróficos contribui com o
aumento da massa corporal metabolicamente ativa, aumentando o gasto energético
basal, favorecendo ainda mais o emagrecimento. Já quando a musculação assume
características aeróbias (alto número de repetições com cargas
quantitativamente pequenas) proporciona a manutenção do baixo conteúdo
gorduroso total do corpo assim como também a redução do ritmo de acúmulo das
células adiposas. Portanto, a musculação pode assumir aspectos tanto
preventivos quanto terapêuticos no que se refere ao controle da obesidade.
Grande parte dos indivíduos obesos se encontra na faixa etária produtiva, porém
apresentam um estilo de vida tipicamente sedentário. .
A prática do exercício resistido é importante para o emagrecimento, pois além
do ganho de massa muscular, essa adaptação fisiológica leva ao aumento do
metabolismo basal, e com isso o organismo torna-se menos econômico, gastando
mais calorias em repouso. (Santarém, 2007- A).
O treinamento de resistência em circuito (TRC) representa um ótimo meio para
obtenção do declínio de gordura corporal através de atividades resistidas. O
TRC geralmente é realizado com uma carga correspondente a 40% - 55% de 1
repetição máxima (1 RM), executando o maior número possível de repetições
dentro de um período de 30 segundos. Após um intervalo de descanso que será
adaptado de acordo com a condição física do praticante, este se desloca para a
próxima estação do exercício com resistência e assim sucessivamente, até
completar o circuito. Geralmente, são utilizadas entre 8 e 15 estações de
exercícios, repetidas em um número de vezes que permita a realização de 30 a 50
minutos de atividade contínua. (Mcardle, 1998),
A grande vantagem do TRC para o trabalho com obesos é que além de induzir ao
aumento de massa muscular magra, também estimula a redução de gordura corporal
e o aumento da massa óssea, levando à mudanças extremamente favoráveis na
composição corporal.
O treino de resistência metabólico (MRT) é aquele
tipo de treino em circuito, no qual fazemos vários exercícios seguidos com
pouco tempo de descanso entre séries. O treino intervalado de alta intensidade
(HIIT), tal como o nome indica, é um tipo de treino que alterna períodos de
trabalho de alta intensidade (anaeróbicos) com períodos de recuperação menos
intensos.
Os benefícios destas formas de treino superam de forma indiscutível
o treino aeróbico, não só para perder massa gorda, mas também para aumentar a
força, a velocidade, a massa muscular e a melhoria da saúde cardiovascular
(lembre-se que o coração também é um músculo – não é por acaso que os
maratonistas têm corações mais pequenos que os velocistas). Isto acontece
porque, como vimos acima, a resposta hormonal destas formas de treino estimula
a formação de tecido muscular e o músculo é o principal ingrediente do nosso
corpo para queimar gordura (para que tenha a noção da importância deste facto
saiba que o músculo queima 70 vezes mais calorias que a gordura!). Ou seja,
quanto maior a nossa massa muscular, mais alta será a nossa taxa metabólica de
repouso e quanto mais alta a taxa metabólica de repouso mais gordura vamos
queimar.
Além disto, há ainda outro
fenómeno fisiológico que importa destacar mais conhecido por EPOC (Excess Post-
Exercise Oxygen Consumption). O EPOC é o consumo adicional de oxigénio que
acontece após a realização de exercício e pode ser entendido mais facilmente
como o débito de oxigénio, isto é, a quantidade de oxigénio que necessitamos
para repor as reservas de energia.
O EPOC é tanto mais alto quando maior a
intensidade do exercício que fazemos, portanto a intensidade, ao contrário da
duração do exercício, tem uma maior influência na queima de gordura após a
realização do treino. Não pense apenas nas calorias que queima durante o
exercício (na verdade isso é pouco importante), pense nos mecanismos
fisiológicos que vão desencadear a perda de massa gorda após o exercício. Sim,
isto significa que pode queimar gordura enquanto está a trabalhar ou a dormir.
E o que tem mais piada é que este efeito pode durar entre 6 e 48 horas,
dependendo da intensidade e duração da sessão de treino. Infelizmente, para a
maioria das pessoas que têm tentado perder peso passando horas e horas na
passadeira ou na bicicleta, o treino aeróbico apenas eleva o EPOC por alguns
minutos após o exercício, constituindo, portanto, a pior opção para queimar gordura.
Conclusões
Tendo
em vista a complexidade que caracteriza a obesidade, apenas método de exercício
ou modelo, sejam pouco eficiente caso não haja um controle efetivo de outras
variáveis como: alimentação, fatores psicológicos, biológico, entre outros.
Porém
existem evidências científicas suficientes para sustentar a inclusão do
treinamento de força em um programa de tratamento de pessoa obesa.
REFERÊNCIAS
· Exercícios, emagrecimento e intendida do treinamento:
aspectos Fisiológico e metodológicos/ Luiz Carlos Carneval Jr. ( ET Al). -2.
Ed. São Paulo: Phorte, 2013.
· Dâmaso, A.R. Obesidade. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan.
2009. P. 316.
· Graves, J.E.; Franklin, B.A. Treinamento resistido na saúde
e reabilitação. Rio de Janeiro. Revinter. 2006. p 440
· Hauser, C.; Benetti, M.; Rebelo F.P.V. Estratégias para o
emagrecimento. Revista Brasileira de Cine antropometria & Desempenho
Humano. Vol. 6. Num. 1. 2004. P. 72-81.
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