A TENDÊNCIA LIBERAL
TECNICISTA
A tendência Liberal Tecnicista surge no século XX,
com o objetivo de implementar o modelo empresarial na escola, ou seja, aplicar
na escola o modelo de racionalização típico do sistema de produção capitalista.
Com forte influência das teorias positivistas e da psicologia americana
behaviorista, o tecnicismo busca ensinar o aluno por meio do treinamento.
Para Aranha (1996, p. 176):
Herdeira do cientificismo, a tendência
tecnicista busca no behaviorismo, teoria psicológica também de base
positivista, os procedimentos experimentais necessários para a aplicação do
condicionamento e o controle do comportamento. Daí a preocupação com a
avaliação a partir dos aspectos observáveis e mensuráveis da conduta e o
cuidado com o uso da tecnologia educacional, não somente quanto à utilização
dos recursos avançados da técnica, mas também quanto ao planejamento racional,
que tem em vista alcançar os objetivos propostos com economia de tempo, esforço
e custo.
Nesse sentido, para essa tendência, a escola tem
um papel fundamental na formação de indivíduos que se integrem à "máquina
social". Para isso, a escola deve moldar o comportamento, organizar o
processo de aquisição de habilidades e conhecimentos já historicamente
descobertos. Descobrir o conhecimento é função da educação, mas isso cabe aos
especialistas, o papel da escola é repassá-lo e aplicá-lo. Dessa forma,
percebe-se a divisão entre trabalho intelectual e manual. Portanto, os
conteúdos a serem ensinados já estão muito bem explicitados nos manuais, nos
livros didáticos, nas apostilas, entre outros. Cabe ao professor buscar a
melhor forma de controlar as condições ambientais que assegurem a
transmissão/recepção de informações. A relação professor-aluno passa a ser
estruturada e objetiva, cabendo ao professor transmitir a matéria e ao aluno
receber, aprender e fixar.
Essa tendência é implementada inicialmente nos
Estados Unidos, o qual acaba impondo a implementação a todos os países da
América Latina. No Brasil, ela é implementada a partir do Governo Militar, por
meio dos acordos MEC-USAID, em que a USAID (United States Agency for
International Development), empresa de consultoria norte-americana, faz
inúmeras pesquisas sobre a educação no Brasil, as quais acabam influenciando a
implementação desta tendência por meio das Leis 5.540/68 (ensino universitário)
e 5.692/71 (ensino de 1° e 2° graus).
Para entendermos as consequências destas leis
para a educação no Brasil, vamos ler o texto a seguir:
A burocratização do ensino foi intensificada,
afogando os professores em papéis nos quais deviam ser detalhados os objetivos
de cada passo do programa. Houve inferiorização das funções do professor, que
se tomou simples executor das ordens vindas do setor de planejamento, a cargo
de técnicos em educação que, por sua vez, não pisavam em sala de aula.
Nesse período, a educação elementar esteve
bastante abandonada e a pretendida reforma do 2° grau, com a implantação do
ensino profissionalizante, redundou em absoluto fracasso. A inclusão de
disciplinas técnicas no currículo teve por consequência a exclusão de outras
(como filosofia) e a diminuição da carga-horária de algumas (geografia e
história, por exemplo).
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