A Dança Aplicada às Tendências da
Educação Física Escolar
Atualmente é concebida a existência de
várias abordagens para a Educação Física escolar no Brasil, provenientes de
diferentes teorias como as psicológicas, sociológicas e filosóficas. Neste
estudo pretende-se abordar a Psicomotricidade, as abordagens Desenvolvimentista,
Construtivista e Biológica Renovada. Embora contenham enfoques científicos diferentes
entre si, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas
dimensões do ser humano e a tentativa de romper com o modelo mecanicista.
No século XIX começa um movimento contra a formalização
do aprendizado da dança e tornam-se evidentes duas vertentes: a moderna que
surgia (o prenúncio da Dança Criativa, ou Dança/Educação), e a acadêmica
tradicional (a Dança/Arte ou espetáculo). Tais vertentes exigem dos professores
competências diferenciadas de ensino. A nova tendência da dança converge para o
movimento humano expressivo e assim, o ensino da dança moderna se permite
integrar ao currículo escolar (Nanni, 1995). Analisar as principais tendências
que permeiam a Educação Física Escolar é fundamental para tornar visíveis os
pressupostos pedagógicos que estão por trás das atividades de ensino, buscando
coerência entre o que se pensa fazer e o que se faz. Baseando-se nessa premissa,
este texto procurou abordar algumas das tendências pedagógicas da Educação
Física Escolar, seus principais autores integrantes, bem como suas principais características
e sugerir um possível plano de
aula, especificamente objetivando a Dança,
de acordo com as características das tendências estudadas.
1.
PSICOMOTRICIDADE
Na década de oitenta, começou a ser
traduzida e publicada no Brasil, a abordagem psicomotora, fundamentada
principalmente na psicocinética, elaborada por Le Boulch.
Diferencia-se
das concepções de aprendizagem motora centradas no rendimento, tendendo a
acarretar a mecanização, por uma que privilegia a interação dos domínios
cognitivo, afetivo e motor. Visa-se a “educação pelo movimento”.
Os
conteúdos a serem desenvolvidos na escola norteiam-se por condutas motoras, com
crianças de até doze anos de idade e, portanto, direcionadas para o aprimoramento
das estruturas psicomotoras de base, apoiando-se nos conhecimentos por etapas
de desenvolvimento: esquema corporal (construção de um modelo postural: em pé,
sentado, deitado, de cócoras, encostado na árvore, em um pé só, na ponta dos
pés), leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a
situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de
seus gestos e movimentos. Reforça-se a sensibilidade, a imaginação, e a
criatividade em práticas do cotidiano e de valores pessoais.
No plano teórico, compreendendo a unidade
do desenvolvimento psicomotor através da diversidade de suas diferentes etapas,
a Psicologia emprega o termo “imagem do corpo”, deixando aos neurologistas o termo
“esquema corporal”. Originária da área médica (psicanálise e estudos
neurológicos para reabilitação, portanto, psicólogos, terapeutas, médicos podem
atuar utilizando a psicomotricidade), houve um momento em que se pensou numa
atitude educativa com base na psicomotricidade com uma identidade própria.
De acordo com minha experiência como
professora de Educação Física Escolar, em contato com outros profissionais da
área, pude perceber que a psicomotricidade ainda é empregada na escola, principalmente
tendo em vista seus objetivos funcionais de assimilação e acomodação, ou seja,
o mecanismo de regulação entre o sujeito e seu meio, dispondo do grau de
plasticidade do sistema nervoso, relacionada com as possibilidades de adaptação
motora frente a novas situações. Sendo assim, permite ao homem utilizar os movimentos
espontâneos, fugindo do comportamento motor estereotipado.
(Resende, 1994) e (Soares, 1996) analisam a
abordagem psicomotricista como positiva, na tentativa de justificá-la como um
componente curricular imprescindível à formação das estruturas de base para as
tarefas instrucionais da escola e na proposição de um modelo pedagógico
fundamentado na interdependência do desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo
dos indivíduos. Mas a analisam como negativa, à medida em que a Educação Física
perde sua especificidade, acabando por ser mais um “meio”
para auxiliar na aprendizagem das demais disciplinas escolares (integração,
reabilitação, adaptação, sociabilização). Considero estes itens importantes
também, mas para a formação integral da criança e não apenas como apoio ao seu
desenvolvimento nas demais disciplinas pedagógicas, ou para que ela adquira um comportamento
esperado pela escola. Assim, a Educação Física Escolar acaba perdendo sua real especificidade
para se tornar um “meio” com a finalidade de se atingir outras aquisições.
Plano de Aula
Objetivo geral: Dançar.
Objetivo específico: Sociabilização
– levar o aluno a comunicar-se e relacionar-se bem com os demais, a fim de
manter uma certa harmonia, disciplina, união e interação dos grupos quando
necessário em sala de aula.
Conteúdos:
- Noções de espaço;
- Noções de níveis;
- Esquema corporal;
- Coordenação motora;
- Ritmo;
- Fluência;
- Criatividade.
Estratégia:
a- Aquecimento:
cantar uma música com determinados gestos que envolvam interação e
interdependência.
b- Parte
principal: movimentar-se ao som de músicas rápidas, moderadas e lentas.
No primeiro instante, o professor poderá
sugerir que façam os mesmos movimentos que ele e, num segundo momento, deixar
que eles criem seus próprios movimentos, sempre sob a voz de comando do professor.
Sugestões para a voz de comando:
- dançar no ritmo da música nos níveis
baixo, médio e alto;
- dançar no ritmo da música nos níveis
baixo, médio e alto somente com a cabeça /ombros/ braços/ pernas/ em um pé só/
com quatro apoios...;
- dançar no ritmo da música nos níveis
baixo, médio e alto em locomoção para trás/ frente/lado direitoesquerdo;
- dançar no ritmo da música nos níveis
baixo, médio e alto, de mãos dadas com um colega/dois/três;
- dançar no ritmo da música nos níveis
baixo, médio e alto e todas as vezes em que for se locomover encostar em alguma
parte do corpo de um colega.
c- Desaquecimento:
Utilizar a brincadeira “Escravos-de-Jó”.
Avaliação:
valorizar o processo e não a execução do movimento propriamente dito.
2.
DESENVOLVIMENTISTA
O modelo desenvolvimentista foi analisado
no Brasil, principalmente nos trabalhos desenvolvidos por Manoel, Kokubun, Tani
e Proença (1988) e Manoel (1994).
Considera o movimento como objeto de estudo
e aplicação da Educação Física e que o objetivo básico da Educação Física é a
aprendizagem motora (o movimento não é mais usado como meio de observação para
estudar o desenvolvimento nos outros domínios,
mas sim como um fenômeno merecedor, por si
só, de análise e considerações mais profundas, pois o comportamento motor é a
expressão da integração entre os domínios cognitivo e afetivo-social no início
da seqüência de desenvolvimento). Conforme Manoel (1994), os movimentos têm um
papel primordial na operação básica de adaptação (finalidade) de organismos
vivos, envolvendo o planejamento e a verificação experimental. Para que ocorram
são necessárias informações sobre o controle de energia necessário para a
execução econômica do movimento.
Visa trabalhar com a criança, visto que o desenvolvimento
motor é um processo contínuo e demorado e, pelo fato das mudanças mais
acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida.
Tendo como propósito básico trabalhar a
Educação Física no Ensino Fundamental, pela educação do movimento, torna-se
necessário conhecer os padrões fundamentais de movimento, divididos em padrões
de locomoção, de manipulação e de equilíbrio. A aplicação predominante das
habilidades básicas é o alicerce para a aquisição de habilidades específicas ou
culturalmente determinadas. Conforme Manoel (1994), a fase de habilidades
específicas ou culturalmente determinadas como Esportes, Dança, etc,
corresponderia ao período aproximado de 8 anos de idade em diante, aliada à prática
específica a cada tipo de habilidade motora. Harrow (conforme citado por Tani
et. al, 1988), elaborou uma taxionomia para o desenvolvimento motor,
classificando a comunicação não-verbal (como a dança, a ginástica rítmica e
olímpica), como atividades
motoras mais complexas, exigindo
expressividade, vindo como última etapa na seqüência de desenvolvimento,
seguindo o grau de escolaridade. Conforme Manoel (1994):
“...desenvolvimento
caracteriza-se por mudanças que vão da concepção até a morte, seguindo uma
ordem e coerência no conjunto de mudanças, apresentando uma seqüência. A seqüência
de desenvolvimento é variável em sua progressão, mas invariável em sua
ordem”.(Manoel, 1994, p.85).
Metodologicamente, trabalha a equivalência
motora (utilização de meios diferentes para se chegar ao mesmo fim).
Tal abordagem parece ser uma opção
vantajosa de trabalho, na medida em que legitima a disciplina (Educação Física)
enquanto conteúdo próprio da área (habilidades físicas). Também há de se
considerar que foi um dos primeiros materiais pedagógicos a atribuir valor ao
processo: ensinar ao aluno diferentes caminhos para se chegar à mesma meta
(eqüifinalidade). Diversas pesquisas na área de aprendizagem motora foram desenvolvidas,
o que muito contribuiu para os avanços científicos na área da Educação Física.
Porém, há de se considerar que não houve uma contribuição especificamente para
a Educação Física escolar, já que me parece ter faltado uma associação
didáticopedagógica às novas descobertas científicas.
Avalia o processo de aquisição de
habilidades através de observação sistemática.
Plano de Aula
Objetivo: Dançar.
Objetivo Específico:
Treinar as habilidades de girar em um pé só, para os lados direito-esquerdo,
todos os alunos no mesmo ritmo.
Conteúdos:
- Noções de espaço, direções, níveis e
lateralidade;
- Coordenação motora;
- Ritmo;
- Equilíbrio;
- Fluência.
Estratégia:
a- Aquecimento:
com música, seguir o professor que deverá estar movimentando cada segmento
corporal;
b- Parte
principal: treinar, tecnicamente, o giro em um pé só, para os lados
direito-esquerdo (enfatizar a técnica e ir aumentando o grau de complexidade):
- o professor deverá mostrar uma seqüência coreográfica;
- os alunos deverão ir treinando, junto com
os movimentos do professor, parte por parte, até
memorizarem toda a coreografia, até
automatizarem todos os movimentos;
- os alunos deverão repetir diversas vezes
a mesma seqüência coreográfica (na qual deverá constar giros), até que os
movimentos pareçam todos corretos;
- o professor poderá dar os seguintes
estímulos: quem consegue girar mais? quem
consegue girar com a técnica correta?
c- Desaquecimento:
com música lenta, seguir os movimentos do professor.
Avaliação:
ocorrerá no processo, isto é, o professor deverá dar um retorno (feedback)
constante, sobre os movimentos corretos ou errados dos alunos.
3.
CONSTRUTIVISTA
A abordagem construtivista é baseada principalmente
nos trabalhos de Jean Piaget e suas
aplicações escolares ou psicológicas.
Conforme Macedo (1994), esta abordagem
valoriza as ações ou produções do sujeito. Tal produção construtivista do
conhecimento é formalizante, isto é, opera por um trabalho de reconstituição e
tematização dos conteúdos, assim, parte daquilo que o aluno já
conhece, entendendo que só uma ação
espontânea do sujeito tem sentido, logo é preciso “...saber ouvir ou desencadear
na criança só aquilo que ela possui como patrimônio de sua conduta...” (p. 19).
O professor deverá ter conhecimento sobre todos os assuntos para poder discutir
com seus alunos, estimulando-os a fazerem perguntas e formularem possíveis
respostas – o que importa é a pergunta
ou situação-problema, portanto, pode-se dizer que é centrada no processo de aprendizagem.
Conforme Silva (1993), sendo o
construtivismo uma pedagogia invisível, portanto centrada no processo, não tem
um tempo previsto de aprendizagem. Já em nível secundário, as perspectivas da universidade
e da estrutura ocupacional são bases, logo sugerem competição, portanto, não
podem ficar sujeitos às pedagogias invisíveis. Além disso, considerando o construtivismo
uma teoria pedagógica, crê-se que a mesma seja deficiente "...para uma
teoria que se pretende globalizante e inclusiva...”
(Silva, 1993, p. 227), pois não diz o que e nem porque deve ser ensinado.
Com relação à Educação Física é preciso
tomar um cuidado especial ao partir daquilo que o aluno traz (como sugere a
abordagem), pois num país em que a cultura corporal de movimento predominante é
o futebol corre-se o risco de dar continuidade ao estudo e prática somente
deste conteúdo – o futebol.
Uma vantagem a se observar é a
possibilidade de integração pedagógica da Educação Física às outras disciplinas
nos primeiros anos de educação formal. Porém, Darido (1999) alerta que há
possíveis falhas com relação à desconsideração da especificidade da Educação
Física, (passa novamente a ser mais um “meio” de auxílio para se ensinar as
outras matérias, como na abordagem Psicomotora). Mas de acordo com orientações
de São Paulo (1996), a proposta construtivista tem no jogo o principal modo de
ensinar, um instrumento pedagógico, pois enquanto joga a criança aprende. E,
neste sentido, deve-se considerar o que a criança já possui.
Creio que o professor tenha autonomia
suficiente sobre sua aula, e possa direcioná-la aos objetivos que, como
profissional, achar conveniente. Portanto, utilizar a aula como um meio para
outras aquisições que fujam à especificidade da área de Educação Física, pode
até ser viável, mas apenas se o professor quiser e permitir que isso ocorra em
determinado momento.
Plano de Aula
Objetivo:
Dançar.
Objetivo específico:
Fazer com que os alunos construam uma coreográfica.
Conteúdos:
- Noções de espaço, direções, níveis e
lateralidade;
- Ritmo;
- Fluência;
- Criatividade.
Estratégia:
a- Aquecimento:
o professor, sob o estímulo de um estilo musical, conduzirá alguns exemplos de movimentos,
segundo um tema por ele proposto. Em seguida, apenas passará a sugerir temas,
nomeando determinados alunos que deverão criar movimentos e todos deverão
reproduzi-los. Exemplo: temas sobre ações do cotidiano.
b- Parte Principal:
- dividir a classe em pequenos grupos;
- distribuir temas para cada grupo;
- cada grupo deverá construir uma
coreografia, tendo as exigências de adequar os movimentos ao tema, ao estilo
musical (noção de ritmo) e de explorar o espaço, níveis e as direções
propostas;
- limitar o mesmo tempo para cada grupo.
c- Desaquecimento:
Os alunos deverão deitar-se, fechar os olhos e sob o som de uma música
instrumental tranqüila, coreografar mentalmente (idealização coreográfica).
Avaliação:
o professor deverá atuar como um orientador, lançando situações-problemas e
observando a participação de cada membro no grupo. Também poderá sugerir uma
auto-avaliação ou avaliação do grupo.
4.
BIOLÓGICA-RENOVADA
A concepção biológica de Educação Física
possui como maior propósito, redefinir o papel dos programas de Educação Física
Escolar como meio de promoção da saúde.
Centrada na aptidão física relacionada à
saúde, conforme Nahas (1997), possui os objetivos de informar, mudar atitudes e
promover exercícios regulares para a aptidão física e a saúde.
Destina-se mais ao ensino médio, portanto
para adolescentes, tendo a preocupação de levar os educandos a perpetuarem um
estilo de vida ativo, tornando-os independentes. Para tanto, não importa o potencial
genético ou grau de habilidades motoras, o programa deve ser para todos os
alunos, priorizando-se aqueles que mais necessitarem (os que possuem maiores
dificuldades, ao contrário das abordagens mecanicistas que tendem a
homogeneizar todos os “corpos”, pois não se trata da formação de atletas, mas de
buscar melhores condições de saúde). Deve-se dar fundamentação conceitual
seguida de diversificação de atividades práticas, discutir textos e integrar
esses temas com atividades práticas, dar significado à prática para um auxílio
na escolha dos hábitos de vida ativos
quando adultos.
Como na abordagem desenvolvimentista,
pensa-se num planejamento seqüencial e progressivo, priorizando-se alguns
objetivos e não todos.
Quanto à avaliação, podem ser feitos testes
de aptidão física, mas que sejam destinados a diagnosticar deficiências e
avaliar o processo individual, evitando-se
a comparação entre os alunos ou servir para
atribuição de notas, pois um teste de aptidão física não avalia se o aluno é
participativo, interessado e se tem consciência corporal, por exemplo.
Em estudos desenvolvidos por Guedes &
Guedes (1997), percebeu-se a predominância das modalidades esportivas nos
programas de Educação Física, com o objetivo de alcançarem adaptações
fisiológicas e levarem os alunos mais tarde a se tornarem ativos fisicamente.
No entanto,
“...as
possibilidades de levar as crianças e os adolescentes a se tornarem adultos
ativosfisicamente mediante a prática de esportes, poderá ser remota em razão
desses não conseguirem apresentar as mesmas facilidades quanto ao domínio das
habilidades específicas exigidas em sua prática, diminuindo desse modo, o nível
de interesse por esse tipo de atividade física...” (Guedes & Guedes, 1997, p.56
).
Tais autores apontam também para a
importância de se alcançar níveis mais elevados de aptidão física relacionados
à saúde. Porém, há de se questionar: como isso será possível possuindo duas ou
no máximo três aulas de Educação Física por semana, num período de cinqüenta
minutos (quando na verdade, esse tempo ainda é mais reduzido, visto que o
professor necessita de tempo para administrar assuntos burocráticos, organizar
as atividades e os alunos, e de acordo com a disponibilidade de materiais,
acaba havendo um período de transição da participação dos alunos). Na Educação
Física Escolar, mediante a organização
temporal disponível para que o professor articule
sua aula aos seus deveres burocráticos e às possíveis variáveis que podem
ocorrer, torna difícil o alcance desejado de atingir níveis elevados de aptidão
física.
Creio que a função da Educação Física seja
a de oferecer aos alunos todas as possibilidades de conhecimento e de vivências
corporais quanto forem
possíveis. Os alunos devem ser
conscientizados quanto aos seus limites corporais, para que possam dar continuidade
à prática da atividade física que lhe convier para além dos muros da escola, em
seu meio de convivência social, assim como as demais disciplinas escolares o
fazem.
Plano de Aula
Objetivo:
Dançar
Objetivo específico: Treinar
a capacidade física de flexibilidade.
Conteúdos:
- Noções de espaço, direções, níveis e
fluência;
- Coordenação motora;
- Ritmo;
- Flexibilidade.
Estratégia:
a- Aquecimento: Seguindo um estilo musical
bem agitado, os alunos deverão copiar os movimentos ritmados do professor, com
atenção na utilização de cada articulação do corpo e grupos musculares.
b- Parte Principal:
- uma seqüência coreográfica de
alongamento. Deve ser ministrada parte por parte até que se possa juntá-las, para
que os alunos a executem sentindo cada movimento sem desviar a atenção para a
seqüência coreografada;
- em seguida, o professor deverá ensinar
uma coreografia (adágio, por exemplo), envolvendo movimentos que exijam
flexibilidade.
Avaliação: O
professor deverá assistir a coreografia e verificar quem foi capaz de
desenvolvê-la, movimentando-se com maior amplitude de flexibilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste ponto, tenho a dizer que as
abordagens apresentam importantes avanços em relação à perspectiva tradicional
da Educação Física Escolar, visto que proporcionam uma ampliação da visão da
área – quanto à natureza e aos pressupostos pedagógicos de ensino e
aprendizagem. Considero especificamente importante a ampliação de objetivos
educacionais, e não aqueles apenas restritos à formação do físico ou à boa
representação do país nos esportes competitivos.
O significado das sugestões dos planos de
aula do conteúdo Dança, de acordo com cada tendênciapedagógica, refere-se à
restrita menção e exploração dos professores de Educação Física a um dos tipos
de manifestação da cultura corporal de movimento que considero de
extraordinária riqueza, principalmente se considerada sua dimensão histórica
(os primitivos já dançavam e a dança continua atual). Através da dança pode ser
desenvolvida a percepção da individualidade, das características e diferenças
do indivíduo em relação ao outro e talvez seja a manifestação corporal que mais
preserve a identidade pessoal dentro da coletividade, além de trabalhar
habilidades e capacidades físicas. Além disso, vários autores como Sborquia e
Gallardo, 2002; Miranda, 1994; Marques, 1997; Strazzacappa, 2001, apontam para
a marginalização da dança dentro da Educação Física, o que me estimula a
estudar tal assunto.
Conforme Sampaio (org. por Ramos, 1998), a Educação
Física tem como objetivo de pesquisa o movimento humano, estando voltada para a
educação do e pelo movimento, abrangendo conhecimentos teóricos e práticos de
atividades físicas, possuindo a tarefa de formar e de informar o educando, “...despertando
sua consciência para a necessidade de preservação do corpo, a fim de conquistar
uma qualidade de vida melhor, resgatando os três níveis de conhecimento: sócio-afetivo,
cognitivo e motor...” (Sampaio,org. por Ramos, 1999, p. 99).
Sendo assim, considera-se o ser humano uno,
tendo o desenvolvimento destes níveis simultaneamente, seja na sala de aula, na
quadra ou em qualquer outro lugar.
Sugiro que a aplicação das abordagens
pedagógicas nas aulas de Educação Física seja adequada à faixa etária de
desenvolvimento do aluno, aliada à flexibilidade quanto à atuação do professor
ao operacionalizar determinada tendência da Educação Física Escolar, mediante a
população que tiver que trabalhar, por exemplo. A abordagem psicomotricista é passível
de efetivação durante o processo de desenvolvimento do aluno até os 7 anos de
idade (Educação Infantil). Já a desenvolvimentista, parece-me mais adequada
para aplicação a partir dos 7 até os 12 anos de idade. A biológica renovada, a
partir dos 12 anos de idade e principalmente no Ensino Médio, assim sendo,
condizer com os objetivos, finalidades, conteúdos e estratégias metodológicas
visadas nas abordagens que se desejar utilizar, sendo a construtivista,
passível de efetivação em todas as idades, em meio às outras abordagens.
Há possibilidades de adequar as tendências pedagógicas
da Educação Física Escolar, de acordo com as características sociais, afetivas,
motoras e faixa etária dos alunos. Para tanto, faz-se necessária certa maleabilidade
na atuação profissional, sem a perda da especificidade da área.
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