Texto
de apoio ao Curso de Especialização
Atividade
Física Adaptada e Saúde
ATIVIDADES
FÍSICAS PARA DEFICIENTES AUDITIVOS: sugestões
Características
do Desenvolvimento do Deficiente Auditivo
O
desenvolvimento completo de um indivíduo está muito relacionado com o
desenvolvimento
dos sistemas sensorial e perceptivo, pois é através desses sistemas que os
estímulos ambientais são transmitidos ao indivíduo. Quando ocorre algum
impedimento em um desses sistemas, o desenvolvimento do indivíduo pode vir a
ser prejudicado devido à dificuldade de interagir com o ambiente.
No
caso do deficiente auditivo, as suas características especiais (físicas,
psicomotoras
e cognitivas) estão associadas ao “início da surdez, etiologia, localização da lesão
e quantidade e qualidade dos estímulos ambientais que a criança é exposta”
(Pedrinelli
& Teixeira, p.105).
É
importante o diagnóstico precoce da surdez, possível a partir
do
5º mês de gestação, para que sejam proporcionados estímulos adequados para o completo
desenvolvimento do indivíduo.Aspectos cognitivos e emocionais Segundo
Pedrinelli & Teixeira (1994), o maior desafio para o deficiente auditivo no
campo intelectual é a “formação de conceitos, generalizações e abstrações” por
envolverem comportamentos verbais, sendo mais importante para eles a memória
visual.
Ainda
segundo os autores, o deficiente auditivo pode apresentar certos problemas de
comportamento como:
- Relutância em manter contato com pessoas estranhas;
- Relutância em mostrar o aparelho auditivo, tentando
esconder a deficiência,
principalmente
em adolescentes;
- Concretismo na análise da realidade;
- Rigidez de pensamento;
- Imaturidade em relação ao ajustamento social;
- Tendência para o isolamento social dos ouvintes;
- Ansiedade;
- Capacidade de concentração reduzida.
A
imagem corporal e o autoconceito também podem ser influenciados pela surdez.
Isso
porque são formados através de experiências oriundas do sistema vestibular, cinestésicos
e tátil. “Quando a criança amadurece e começa a dar significado às informações
visuais e verbais é que a imagem corporal e o autoconceito são afetados por estes
sistemas. Normalmente esta mudança começa entre sete e oito anos.
As
crianças com deficiência visual e auditiva têm um grande impacto nessa mudança”
(Pedrinelli &Teixeira, p. 105).
Aspectos
físicos e motores
Os
diversos tipos determinam quais serão as necessidades e as limitações a serem trabalhadas
com o deficiente auditivo. Muitos apresentam certo grau de retardo no desenvolvimento
motor se comparado com crianças ouvintes, mas estudos mostram que este fato
está muito mais relacionado com o estímulo oferecido ao indivíduo do que a uma característica
da surdez.
No
mundo dos ouvintes, a grande maioria dos estímulos é oferecida de maneira verbal,
não sendo eficientes com os surdos. Por isso, quanto mais cedo a surdez for diagnosticada,
melhor será o desenvolvimento físico do indivíduo surdo, uma vez que os estímulos
serão fornecidos de maneira adequada.
Um
bom desenvolvimento físico e motor é muito importante ao deficiente auditivo, pois
é “através do corpo que mais freqüentemente experimentam situações de sucesso, tornando-se
um recurso de comunicação e interação social sem comparação”.
Esporte
e deficiência auditiva
As
modalidades especiais para deficientes auditivos visam atender muito mais a necessidades
sociais e de comunicação do que condições físicas. A procura por este tipo de esporte
deve-se, segundo Pedrinelli & Teixeira (1994), a:
- Atividades negativas para com a surdez por parte dos
ouvintes que os rodeiam;
- Ênfase na fala como única forma de expressão por parte
dos ouvintes, o que
dificulta
a comunicação.
-
Dança,
música e deficiência auditiva
Ao
contrário do que muitas pessoas pensam, é possível trabalhar música com
deficientes
auditivos, sendo eles capazes de “responder a ela através da dança e da expressão
corporal. De forma adequada a cada ritmo e de maneira intensa e alegre”
(Pedrinelli
& Teixiera, p. 109).
]O
trabalho com a música pode ter dois objetivos: a música por si só ou ainda fins
terapêuticos (enriquecimento do vocabulário, melhoria da auto-imagem,
estimulação da leitura labial, desenvolver ritmicidade na fala e introdução ao
mundo sonoro).
Para
tanto, a criança deve ser estimulada a “descobrir e a perceber as vibrações sonoras
através de todo o seu corpo (tocar instrumentos, realizar movimentos rítmicos
com o corpo, palmas, etc)” (Pedrinelli & Teixeira, p. 109).
“A
utilização de música e dança não deve ter o intuito de ‘normalizar’ a criança
com dificuldade de comunicação verbal, preconizando essencialmente a sua
oralização. O ser humano como sistema complexo apresenta uma infinidade de
aspectos que devem ser abordados. Assim, o mais importante é promover o seu
bem-estar, auxiliar sua autoaceitação e auto-valoração, a reconhecer suas
limitações e tirar o máximo de proveito de suas infinitas potencialidades”
(Pedrinelli & Teixeira, p. 110).
Relacionamento
professor X aluno deficiente auditivo
Pedrinelli
& Teixeira (1994) descrevem alguns pontos que devem ser observadosquando em
uma aula na qual haja deficientes auditivos:
- Enxergar a criança mais do que a deficiência;
- Considerar as limitações, mas enfatizar as capacidades;
- Estar informado sobre a etiologia, local e gravidade da
lesão;
- Procurar ajuda da família ou mesmo de outros
profissionais envolvidos com a
criança,
se for necessário esclarecer algumas dúvidas;
- Manter-se frente ao aluno quando estiver falando;
- Usar todos os recursos possíveis para comunicar-se
procurando certificar-se de
que
o aluno compreendeu a mensagem;
- Não mudar constantemente as regras de uma determinada
atividade;
- Não articular exageradamente as palavras;
- Substituir as pistas sonoras por visuais, se necessário.
PARTE
PRÁTICA
ATIVIDADE
1 – Circuito com bexigas
-
Objetivos
da atividade:
_ Aprimorar a percepção corporal e a
coordenação motora;
-
Objetivo do grupo:
_ Demonstrar a utilização da linguagem gestual
e de sinais (libras),
associada
à demonstração e à representação esquemática, para
comunicação
com os alunos deficientes auditivos.
-
Descrição
da atividade:
_ Cada aluno receberá 01 bexiga e deverá
enchê-la;
_ Os grupos deverão percorrer as 06 fases do
circuito, conduzindo a
bexiga
com as diferentes partes do corpo e cumprindo as tarefas
motoras
pré-determinadas;
_ O circuito será realizado individualmente,
num primeiro momento e,
em
duplas, na segunda rodada;
_ Fases:
1)
conduzir a bexiga pela lateral direita da quadra, contornando os
cones
e utilizando cotovelos e mãos;
2)
conduzir a bexiga pelo fundo da quadra passando pelos arcos e
utilizando
somente a cabeça;
3)
conduzir a bexiga pela lateral esquerda da quadra, contornando os
cones
e utilizando joelhos e pés;
4)
conduzir a bexiga pelo outro fundo da quadra, rebatendo a bexiga
com
o bastão;
5)
conduzir a bexiga no trajeto estipulado pelas cordas, em quatro
apoios,
utilizando todas as partes do corpo;
6)
lançar a bexiga para o alto, fazer um rolamento frontal (no
colchonete)
e pegá-la de volta.
_ Terminado o primeiro rodízio, os grupos
deverão repetir o circuito,
conduzindo
a bola em duplas e estourando-a no final.
-
Estratégias:
_ Estilo de ensino: tarefa.
_ Organização da turma: 06 grupos (no máximo)
que realizarão as
atividades
individualmente e, depois, em duplas.
_ Estratégias de comunicação: esquema do
circuito*, demonstração,
linguagem
gestual e de sinais.
(*
vide anexo)
ATIVIDADE
2 – Atividade Rítmica
- Objetivos da atividade:
_ Desenvolver noções de ritmo e coordenação
motora global;
- Objetivos do grupo:
_ Demonstrar a utilização da linguagem gestual,
de sinais (libras) e
cores
para a comunicação com os alunos deficientes auditivos;
_ Posicionamento do professor perante a classe.
- Descrição da atividade:
_ No primeiro momento, os alunos estarão
dispostos em círculo e,
parados,
deverão bater bola no ritmo estipulado pelo professor;
_ Num segundo momento, os alunos deverão andar
em círculo em
volta
do professor, batendo a bola de acordo com o ritmo do próprio
andar;
_ Num terceiro momento, os alunos deverão
observar as cores e os
números
indicados pelo professor para formarem grupos durante a
execução
da atividade.
· Bola vermelha – Pare !
· Bola amarela – Ande !
· Bola verde – Corra !
Exemplo:
se o professor levantar a bola amarela e fizer o número 2,
os
alunos deverão andar em duplas.
- Estratégias:
_ Estilo de ensino: tarefa.
_ Organização da turma: em círculo, formando
grupos de acordo com
as
ordens do professor.
_ Estratégia de comunicação: leitura labial,
gestos, libras e cores.
ATIVIDADE
3 – Estafeta competitiva
- Objetivos da atividade:
_ Trabalhar condução de bola com os pés e com
as mãos (quicar);
_ Trabalhar a competição entre os alunos.
- Objetivo do grupo:
_ Mostrar a utilização da demonstração e da
leitura labial como
formas
de comunicação com os alunos deficientes auditivos.
- Descrição da atividade:
_ Turma dividida em 4 equipes, dispostas em
colunas. Cada equipe
atrás
de uma coluna de cones.
_ O primeiro componente da equipe deve
contornar os cones
conduzindo
a bola, voltar por fora dos mesmos, passar a bola ao
segundo
componente e voltar para o fim da fila. O segundo
componente
realiza a mesma tarefa e assim por diante.
_ Cada componente da equipe deve realizar a
condução de bola 4
vezes
na seguite ordem:
1º
- Condução com o pé direiro
2º
- Condução com o pé esquerdo
3º
- Conduzir quicando a bola com a mão direita
4º
- Conduzir quicando a bola com a mão esquerda
_ A equipe que terminar primeiro a tarefa
vence.
- Estratégias:
_ Estilo de ensino: tarefa.
_ Organização da turma: em colunas. Os últimos
de cada coluna
poderiam
ter dificuldades para ver a demonstração do professor (o
que
acredito não ter ocorrido nesta aula), porém a demonstração
feita
pelos colegas da frente seria suficiente para entender a tarefa,
que
é bem simples.
_ Estratégia de comunicação: leitura labial,
gestos e demonstração da
tarefa.
ATIVIDADE
4 – Relaxamento e alongamento
- Objetivos da atividade:
_ Alongar e relaxar os músculos trabalhados nas
demais atividades.
- Objetivos do grupo:
_ Demonstrar a utilização da linguagem gestual,
de sinais (libras) e
leitura
labial para a comunicação com os alunos deficientes
auditivos;
_ Posicionamento do professor perante a classe.
- Descrição da atividade:
visualizar
bem o professor;
_ Após uma breve explicação, utilizando os
recursos indicados acima,
os
alunos procederão às séries de exercícios, conforme comando
do
professor.
- Estratégias:
_ Estilo de ensino: comando.
_ Organização da turma: em semi-círculo, cada
um no seu
colchonete,
de modo a visualizar bem o professor;
_ Estratégia de comunicação: leitura labial,
gestos, libras,
demonstração
dos exercícios e toque para guiar a posição do aluno.
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